terça-feira, 13 de julho de 2010

Maria Triste

Maria Triste, como tu mudaste,
Como sorriste no teu São Martinho,
Inebriante e forte como o vinho,
Foi numa taça ardente que o tomaste!

E refloriste como a primavera!
Primavera em novembro, Santo Deus!
E tanto sol brilhou nos olhos teus
Que tu foste a rainha da Quimera!

Também, no meu jardim, em certo dia,
(Milagres do verão de São Martinho…)
O espinheiro floriu, branco de arminho:
Como se fosse em pleno Abril, sorria…

Mas foi pequena a derradeira festa…
Voltou o frio; a flor morreu, gelada…
Foi um adeus à vida, um quase nada,
Que assim matou a pobre flor modesta!

Maria triste, olha, tem cuidado,
Se a tua primavera já passou,
Não queiras renová-la, pois findou;
Na vida não tornamos ao passado…

A esse tempo não se volta mais;
Passa um dia por nós, rapidamente,
Mas não torna a florir, dentro da gente,
E, pelo outono, há sonhos irreais.

Crisântema doirada, eu te lamento!
Nunca, nunca tiveste primavera,
E ficaste, num sonho, à sua espera
P’ra seres desfolhada pelo vento…

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