segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O RESTO… FOI ACASO…

Meu coração, no Tempo, há-de ficar
ensanguentando a terra de amargura!
Hão-de vê-lo brilhar na sepultura,
num eterno esplendor,
como um rubi, ao sol, a crepitar
de luz e amor!
Só a terra me quis: e eu compensei-a:
entreguei-lhe de todo o coração
e a minha vida inteira! grão de areia,
a querer reflectir uma epopeia
que se apagou no chão!
O resto… foi acaso… mal ou bem…
sonho… desilusão…

Passei na vida, apenas,
sem quase dar por tal !
Meu sumptuoso manto era de penas…
e trazia no peito uma flor de cristal
que não dei a ninguém:
enorme e singular amor-perfeito,
que logo se quebrou em mil pedaços
e se enterrou na poeira dos meus passos

Vim dum Além desconhecido…
só encontrei a terra à minha espera,
a terra onde arrastei a minha cruz,
que não soube elevar… mal-entendido,
entre sombras e luz,
realidade e quimera!

Fui árida paisagem, sede de água…
sem lágrimas, gritei ao chão, ao arvoredo,
esta angústia sem nome,
este mal que me fere e me consome…
Só a terra entendeu a minha mágoa
E guardou no silêncio o meu segredo!

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