sábado, 10 de setembro de 2011

VÉSPERAS

Num adeus, vou partir, em sombra triste
por tudo o que não fora… sobre apenas
caminho, entre renúncia a abandono:
Dobrada aquela curva, não existe
um acabar de vida ! São apenas
os últimos momentos imprecisos,
ao levantar de Outono,
cavados nos escombros da ladeira
até ao precipício ! Indecisos,
meus passos vão negar a vida inteira !
Eu resto nessa pausa que medita
em bruma, a extrema-unção de anoitecer:
Hora mista de sombra e claridade,
a todos interdita
no mistério que vai acontecer,
perante a Eternidade !
Intervalo-penumbra… não é dia…
nem a noite completa e realizada,
em negro vasto e fundo !
Um lírio em agonia,
desfolha a hora roxa sobre um lago
de pranto, até diluir-se
entre o ser e não ser,
que fica no Além distante e vago:
São vésperas de luz a outro Mundo…
que atravessando a noite há-de cumprir-se…
(se eu a puder vencer!)

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