A Urbano Rodrigues
A estranha alma insondável da Planície,
qual misterioso encanto da lonjura,
enigmática paira à superfície,
numa espécie de cisma e de crendice,
que não se encontra aonde se procura!
Estremece, palpita, na distância;
seu vivo sortilégio me domina;
pressinto-a no fulgor da minha infância…
num misto de ansiedade e de inconstância,
brilha nos versos meus, em cada rima!
Não se dá, mas impera em nossa vida!
Sua presença atrai, indecifrável,
e, assim, tão desejada e proibida,
assombra, em sua forma indefinida…
esfíngica, mantém-se impenetrável!
Ela adeja na aragem que flutua,
nos alqueives dormentes, nos restolhos,
no pôr-do-sol, na palidez da lua,
na flor de esteva que, em perfume, estua,
e na tristeza imensa dos meus olhos!
Ela pertence a todos e a ninguém!
Certas noites, de sombras desgrenhadas,
piedosa, na minha alma se detém…
e, logo, parte…e, já desvaira, além,
toda de oiro, na chama das Queimadas!
Cartazes do Cinema Português
Há 10 horas
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