quarta-feira, 18 de maio de 2011

UM GRITO NA TREVA

Desfalecendo a noite, um grito avulta:
- desesperado apelo em vaga imensa –
que escorre sobre a terra e que se eleva
em agonia, até ao Infinito,
e a que ninguém responde!
Alonga num mistério a densa treva!
ao seu redor, a noite cala, oculta
a sua indiferença
noutro poder mais alto
que a terra apaga e esconde!
Todo o silêncio acorda em sobressalto,
como cristal desfeito,
repercutindo a mágoa desse grito
que rasga, em chaga aberta, no meu peito!
Tonta, em magia negra, a noite absorta,
espera … e o grito ecoa atroz, aumenta!
Quero acudir, saber qual o motivo,
em dor transfigurado, que desperta
as horas e que tange em aflitivo
espanto e implorava em vão…
mas a terra parece estar deserta;
nem vivalma… não resta um coração!
Dilacerante, implora! Eu, quase morta,
existo nessa causa que atormenta…
Vem das asas do Tempo e dura, corta
a paz da noite calma:
Esse pavor aperta-me em seus braços,
alaga em pranto a alma
e afoga a minha voz em outro mundo!
Fortes raízes prendem os meus passos
ao âmago da terra onde me afundo!

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