terça-feira, 12 de julho de 2011

POESIA DE LUZ

Mãos doiradas de sol
abriram rosas
de sangue rubro e quente,
ardendo em sonho:
o tempo as desfolhou!
Depois… vestiu seus roxos véus de Outono
em sombras de violeta
no meu altar maior!
foi acender estrelas na distância
da tarde, que rasgara a lua nova
em poesia de luz!

CHUVA

Bate nos meus olhos a chuva que abrange
a penumbra-luz
que o dia levanta!
A madeira range,
lá dentro, na sala,
tudo se traduz
na palavra santa
que o tempo me fala!
Aquele perfume,
molhado na aragem de prata moída
que a Morte resume
num beijo de Vida
diz tudo… num sonho de canto que reza
instantes suaves
de chuva caindo! Já nada me pesa
de atitudes graves:
franja nos meus olhos aquela poeira
de seda tão leve
que tudo ilumina!
Sons de gotas de água
no meu coração
abrem olhos de Alma na verde clareira
daquela neblina…
como na roseira
os botões de neve!
Toda a minha sombra, aquela sombra… trago-a
de rastos no chão!

BRUXAS

Agoiros negros, flutuante imagem,
vagam no meu constante pesadelo,
suas leves roupagens
confundem-se nos troncos, nas folhagens,
e ante os meus olhos passam, de atropelo,
vagas sinistras… Longe, a lua acende
um lampadário mágico, profundo,
sobre o “requiem” das minhas alegrias:
como lágrima enorme que suspende
o silêncio do mundo!
Amaldiçoada, cumpro, a indefinida
e estranha penitência dos meus dias,
até ao fim da Vida!
E as borboletas negras esvoaçando,
bruxas da minha escuridão eterna,
rompem de encontro à lua, no minguante,
em um voltear constante,
ou procuram reflexos na cisterna
da minha alma… vão sobre mim tombando…
Surgem dos longes num bailado etéreo,
e pousam no brocado
do remorso escarlate:
em símbolos de agoiro e de pecado!
Penitência de assombro e de mistério…
alucinadas, trágicas suicidas
buscam a luz que as mate!
Fantásticas, imensas…
emigrantes da noite, espavoridas,
que roçam no meu corpo de presenças
De horror, desconhecidas!

VELAM NAS SOMBRAS

Velam nas sombras mortas da existência
meus sentidos despertos sem motivo,
cumprindo penitência
da razão porque vivo!
Velam, numa azulada e concebida
penumbra que rodeia o meu cismar
por entre bem e mal de Céu e Terra:
a forma absoluta de ser vida
a reflorir em luz e a desfolhar
na morte que me enterra!
Meus nervos de oiro fulgem sobre temas
na folhagem de vidro da floresta…
pelos falsos teoremas
que uma ilusão empresta!