quarta-feira, 17 de novembro de 2010

ALÉM DA MORTE

À memória da minha querida Avó

Tanto de mim se foi naquela hora
que sinto a minha vida quase morta…
mas presa, ainda, ao Mundo, pois não corta
as grades da prisão que me apavora!

Quero partir de todo! À minha porta,
a sua voz dorida, reza, implora,
para que a vá seguindo como outrora,
se o que resta da vida não me importa…

Tanto, tanto de mim foi a enterrar
com sua doce imagem de marfim,
que, além da Morte, há-de chamar por mim!

Ah, pudesse eu cumprir o meu desejo:
levar-lhe a minha vida… e, num só beijo,
dizer-lhe que podia descansar!

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