quarta-feira, 18 de maio de 2011

OS SEM-ESPERANÇA

Vesti-me de mágoa; da mágoa cinzenta
do clima anormal onde a alma, emigrante
de sonho, descansa!
Que a dor não se inventa:
existe … persiste espontânea, constante…
aumenta e se lança
no subconsciente e arrasta, destrói
algum bem, se o há, que resiste ao naufrágio
das vãs alegrias que restam de nós!
Se a alma ferida ainda nos dói,
é só mau presságio
do Além dessa voz,
que chora na era de tudo que passa
e não se detém
na sombra, sequer, daquela encruzilhada,
que o tempo reparte e a hora estilhaça
de encontro ao sol-posto, outro dia que vem,
onde eu não serei outra vez madrugada!

Vesti-me de mágoa, de cinza e de pó!
e sobre o meu peito
desenha-se a cruz
dos sem-esperança:
tão negra e tão só,
sem nenhuma luz…
sem dor, nem lembrança…

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