sábado, 10 de setembro de 2011

ÚLTIMA TARDE

Num tom acobreado em negro e cinza,
ferido a laivos roxos, um pedaço
de céu abriu as suas asas verdes:
Águia de luz a suspender o Mundo
por um clarão de sol !
Ergueu-se contra a noite uma revolta em fogo
de negação à Morte !
Era a última tarde !
Assombravam no monte as oliveiras !
repuxavam a Terra a evadir-se,
num mistério de espanto:
garras negras a contorcer, na dor,
os braços musculosos cor de chumbo
a tocarem o céu
rasgando em sangue o fundo !
Longe, o restolho crepitava… ungia
toda a alma da tarde,
num incensário eterno:
riscava a lume o dorso das colinas…
Sobre o espinhaço em fogo
da Terra, em fúlgida agonia,
restos de sol a arder a noite…
Zuloaga a pintar o fim do mundo!

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