segunda-feira, 18 de outubro de 2010

«CARRETEIRAS»

Oh, o Alentejo dum estranho encanto:
completa solidão nos descampados;
léguas e léguas… caminhar de espanto;
labirintos sangrentos de montados!
Confusas «carreteiras», entre o piorno,
entre estevais de aromaforte e bravo,
entre o silêncio morno
de fundo musical ardente e cavo!
É este o meu caminho de aventura:
«carreteiras» de sonho sem limite,
onde a fala se perde na lonjura,
por muitoque se cante ou que se grite…

Vagas chamas de loucos pensamentos,
atalhos de sonâmbula tristeza,
encruzilhadas mortas e lamentos,
tudo em mim se confunde e é Natureza!

E fascina-me o pó da «carreteira» calma…
(Sonha, sonha, a minha alma!)

Caminho em desatino…
(É vago o meu olhar, triste o meu porte!)
Pobre sombra batida do Destino,
desfolhando ilusões inda em botão,
enterrando e pisando o coração,
na «carreteira» que vai dar à Morte!

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