sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SILÊNCIO

Adoro, à tarde, este silêncio amigo
e quedo-me a escutá-lo, num enlevo!
Parece que me fala a voz do trigo,
a rama do olival, a flor do trevo!
E os meus olhos tão cheios, a esta hora,
de singular meiguice,
vão perder-se, num sonho, campos fora,
ao longo da planície!
Até pequenas coisas lhes são caras…
no sonho doentio,
vão beijar os montados, mais as searas
e os ribeiros e as terras de pousio…

Nesta hora, no ambiente largo e calmo,
à pura luz dos Céus,
parece erguer um salmo
a Terra para Deus!

A tarde vai caindo, silenciosa;
a Cor, de rubra e trágica, tornou-se
em palidez de rosa:
desmaia, leve e doce…
A fogueira do poente
Foi-se extinguindo,
suavissimamente;
e, além, muito de manso, a lua vai subindo,
guardando, ainda, no calor do rosto,
o beijo do sol-posto!

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