Desde sempre acompanha a nossa casa
o «espírito cinzento», a horas mortas!
tão leve como sombra duma asa…
e, quando a noite imensa tudo arrasa,
perpassa como fumo pelas portas!
Não tenho medo, faz-me companhia…
mesmo sem vê-lo sei que está presente:
foi do meu sangue, em tempos que vivia…
não sei quem é… em sombra fugidia,
perpassa…e, pelo vago, se pressente…
Habituei-me a Ele… a conhecer
sua presença amiga, sem terror,
e, desde a minha infância, o estou a ver…
numa ansiedade o sinto aparecer…
rezo por Ele, rezo com fervor.
Ninguém o reconhece, com certeza,
mas Ele vem dos meus antepassados!
É triste…mas é minha essa tristeza,
essa angústia, esse mal, essa estranheza,
esse anseio, esse estuar dos meus cuidados!
Oh, meu «espírito» errante, velho amigo:
quando chegar a hora de eu morrer,
vem acudir-me…leva-me contigo!
que a boa Morte seja, então, comigo,
pois que fizeste parte do meu ser!
Estórias do autor
Há 1 semana
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