Minha hora de sol! marca mais cedo
o dia começado no horizonte:
banha de sangue, a terra, o arvoredo,
e acorda e resplandece em cada «monte»!
Os «ranchos» duma cor indefinida,
de há muito, vão de encontro à madrugada,
erguendo um cântico arrastado como a vida…
monótono, ondulante!
Como baga vermelha, incendiada,
o sol, nasce mais cedo para nós,
vem rolando na cinza do Levante:
parece vir do chão,
inteiramente a sós;
nada o encobre, além, na linha rasa,
onde se volta o Mundo,
(neste poder, sem fim, duma ilusão…)
e, dentro em pouco, a terra inteira abrasa
em louco ardor profundo!
A ceifa principia ao sol-nascente,
na cadência pesada de horas lentas,
e o cântico persiste, envolve o ambiente
em uma toada moira… Sonolentas,
as horas vão caindo sobre a «calma»
que arrasa os nervos, queima a própria alma…
Ao longe, desgrenhadas «almearas»,
como torres, perdidas, em ruínas,
em campo abandonado…
onde imagens de sonho, peregrinas,
ajoelham ante as sombras do passado!
E os «ranchos» vão surgindo na planície,
vencendo as linhas de oiro das searas…
os seus bustos de heróis, à superfície,
a marcar a presença da vitória,
nessa luta sem tréguas, incendida:
que o pão de cada dia não tem história,
é um direito à Vida!
Estórias do autor
Há 5 dias
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