sexta-feira, 14 de maio de 2010

Além-Tejo

Ao grande elegíaco de Além-Tejo:
Mário Beirão


«Ó planícies extáticas», dormentes,
Vão beijar-vos meus olhos desbotados,
Cor da azinheira triste dos montados,
Como pegos, à noite, reluzentes!

E, assim, ao ver-vos, quedam-se frementes:
Terras sem fim, restolhos abrasados,
Infindos horizontes, descampados,
Miragens que me trazem os poentes…

Nessa hora de inertes desalentos,
Fico-me a olhar, profundamente calma,
As vestidões… um mar de pensamentos!

Barros sangrando… cal de incertos «montes»…
Oh Além-Tejo, oh alma da minha alma,
Bate o meu coração nos horizontes!

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