Ao Tio Alberto
Quando abri a janela,
que singular visão!
era como se os campos de Castela
me tivessem florido o coração!
Este ambiente acorda,
dentro de mim, uma saudade louca!
nem sei que me recorda…
Sinto a bênção do sol na minha boca!
Qualquer coisa de sonho que foi meu,
(lembrança pura e calma…)
como sabor de luz vinda do Céu,
entrou em mim, quedou-se na minha alma…
Esta paisagem grave que eu olhava,
à luz do sol, a vez primeira,
era aquela que sempre me falava,
que sempre conhecera a vida inteira!
Pareceu-me que toda a minha vida,
ali, florindo, fôra,
em paz embaladora,
doçura indefinida…
De noite, eu só, nessa janela aberta,
era como fantasma em seu castelo,
a contemplar a vida que desperta,
depois dum pesadelo!
Ali, talvez, sofrera em outra era,
ali teria amado…
e, assim, tudo ficara à minha espera,
à espera que eu tornasse do passado!
Reminiscência dalgum longe incerto,
ou divagar da minha fantasia,
ressurgindo (miragem no deserto…)
da minha louca e vã melancolia?
Perpetuamente,
sempre a sonhar contigo,
fique, batendo em ti, meu coração,
Oh burgo esplandecente,
minha paixão,
Ciudad Rodrigo!
Estórias do autor
Há 4 dias
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